Na primeira metade da década de 1970, surgiu uma febre mundial de bandas de rock progressivo. No Brasil, também apareceram os primeiros grupos do gênero, como o conjunto A Barca do Sol. O grupo iniciou a carreira como banda de apoio do cantor fluminense Pery Reis. Em 1973, seus integrantes (a banda, sem o vocalista, Pery Reis) seguiu em carreira própria e no ano seguinte, lançou seu primeiro álbum, auto intitulado.
Em 1978, os integrantes de A Barca do Sol participam do LP Corra o Risco, que marcou a estréia da cantora Olivia Byington. O disco contém sucessos do grupo, como “Lady Jane“, “Fantasma da Ópera” e “Brilho da Noite” (posteriormente regravados pela cantora), além de canções inéditas que viriam a compor o novo disco do conjunto: “Cavalo Marinho” e “Jardim da Infância“. Em 1979, o grupo lançou o álbum Pirata. Em 1980, a banda fez uma participação especial na faixa “Mais Clara, Mais Crua“, do disco Anjo Vadio, de Olívia Byngton, vindo a dissolver-se em seguida. Apesar do fim da banda em 1981, vários membros continuariam ativos.
Entre eles, Nando Carneiro, que em sua carreira solo gravou os álbuns Violão (lançado na Europa em 1991), Mantra Brasil e Topázio. Participou da gravação dos discos O Balão e a Vida, Sementes no ar e Passional, da atriz Beth Goulart, com quem foi casado, e em parceria com John Neschling compôs a trilha sonora do filme O Beijo da Mulher Aranha.
O poeta e roteirista mineiro Geraldo Carneiro, irmão de Nando, participou do grupo compondo várias canções, e seguiu sua carreira letrista buscando novos parceiros. Como roteirista, um dos seus trabalhos mais conhecidos é a adaptação da minissérie O Sorriso do Lagarto, exibida por uma grande Rede de TV em 1991, baseada no romance homônimo de João Ubaldo Ribeiro.
Egberto Gismonti, que também chegou a tocar com o grupo A Barca do Sol, se tornaria um dos mais respeitados artistas de música instrumental, porém a dificuldade em encontrar gravadoras para seu estilo o levou a procurar refúgio em selos europeus, pelos quais lançou vários álbuns pelas décadas seguintes. É de sua autoria com Geraldo Carneiro a canção “Mais Clara, Mais Crua” gravada por Olivia Byngton, cuja versão instrumental gravada por Egberto ganhou o título Palhaço, tornando-se uma das músicas mais conhecidas do seu repertorio.
Outro grande nome da música instrumental brasileira oriundo da banda A Barca do Sol, foi Jaques Morelenbaum. Vindo de uma família de músicos, é filho do maestro Henrique Morelenbaum e da professora de piano Sarah Morelenbaum, irmão de Lucia, clarinetista da Orquestra Sinfônica Brasileira, e de Eduardo, maestro, arranjador e instrumentista, e casado com a cantora Paula Morelenbaum.
Como violoncelista, arranjador, maestro e produtor musical atuou ao lado de Tom Jobim e Caetano Veloso. Como arranjador, atuou em trabalhos de artistas internacionais, como o grupo Madredeus, a cantora portuguesa Dulce Pontes, o compositor norte-americano David Byrne e a cabo-verdiana Cesária Évora, entre outros.
Por Neivaldo Araújo
Revisão: Emanuela Fontenele.
Categorias:Brasil, progressive, rock